terça-feira, 20 de novembro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
POETA."Gritos de Cristal e de oiro que o Bettencourt alto erguia que é da roda que algum dia vos havia de acompanhar."
EDMUNDO DE BETTENCOURT
Edmundo de Bettencourt é considerado por todos os amadores e especialistas de Fado de Coimbra como o maior de todos os estilistas e cantores do género. Madeirense do Funchal, onde nasceu em 1899, fez parte da chamada "Década d'0iro". Mas a sua influência não ficou por aí, dado que Bettencourt foi igualmente escritor e poeta de grande importância; foi em 1927 um dos fundadores da mítica revista literária Presença, cujo elenco abandonaria em 1930. Contudo foi a música que o popularizou, de tal modo que mesmo gerações posteriores o aclamaram; José Afonso, cujo pai fora contemporâneo de Bettencourt, considerava-o o "maior cantor de fados de todos os tempos". Parece hoje claro que, para a qualidade artística de Edmundo Bettencourt, muito contribuiu o facto de ter sido acompanhado à guitarra por Artur Paredes. A história diz-nos dele ter sido menos boémio do que os seus colegas estudantes, mas também um pioneiro no aproveitamento de canções e elementos musicais tradicionais de outras zonas do país. A sua influência estendeu-se ao longo dos anos e não são poucos os cantores de Coimbra que a assumem. Edmundo de Bettencourt não gravou tanto como António Menano (conhecem lhe apenas oito discos com dezasseis gravações) mas entre elas estão faixas tão lendárias como Saudades de Coimbra (mais conhecida pelo seu verso "Do Choupal até à Lapa") ou Samaritana. Faleceu em 1973. "Saudades de Coimbra" Oh Coimbra do Mondego E dos amores que eu lá tive Quem te não viu anda cego Quem te não ama não vive Do Choupal até à Lapa Foi Coimbra os meus amores A sombra da minha capa Deu no chão abriu em Flores “Sugestão” Entro na Igreja majestosa e calma, Erro na sombra sob as arcarias Anda no ar silêncio, e a minha alma Toma a frieza das colunas frias Numa capela triste aonde espalma, Doirado ilustre, chamas fugidias, Tocam-me o peito as setas duma palma A evocar-me de Cristo em agonias Começa o som do órgão, morno, errante, E o aroma do incenso penetrante Como as garras aduncas do tormento E o já desejo acre de esquecer, De o longe e o mundo eu só escutar e ver, No coração me nasce brando e lento
"Saudades de Coimbra"
Oh Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive
Quem te não viu anda cego
Quem te não ama não vive
Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores
A sombra da minha capa
Deu no chão abriu em Flores
“Sugestão”
Entro na Igreja majestosa e calma,
Erro na sombra sob as arcarias
Anda no ar silêncio, e a minha alma
Toma a frieza das colunas frias
Numa capela triste aonde espalma,
Doirado ilustre, chamas fugidias,
Tocam-me o peito as setas duma palma
A evocar-me de Cristo em agonias
Começa o som do órgão, morno, errante,
E o aroma do incenso penetrante
Como as garras aduncas do tormento
E o já desejo acre de esquecer,
De o longe e o mundo eu só escutar e ver,
No coração me nasce brando e lento
quinta-feira, 31 de maio de 2012
M.R.I.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
Luís de Camões
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Parabéns, Zé!, vem cá outra vez!...se possivel com o Adriano e o outro Zé, para pôr a Academia de Pé!!!...
José Mário Branco (Porto, 25 de Maio de 1942) é um músico e compositor (cf. cantautor) português. cresceu no Porto e iniciou o curso de História, na Universidade de Coimbra, não o terminando.
EU VIM DE LONGE, EU VOU P’RA LONGE (CHULINHA)
Letra e música de José Mário Branco.
1.
Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de Maio começou
Eu olhei p’ra ti
E então eu entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou
Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou
Refrão
Eu vim de longe, de muito longe
O que eu andei p’raqui chegar
Eu vou p’ra longe, p’ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com que temos p’ra nos dar
E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos que cantei
Foram frutos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão
Refrão
2.
Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei p’ra ti
E então eu entendi
Foi um indo sonho que acabou
Houve aqui alguém que se enganou
Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi p’ra esta força que apontou
Refrão
E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções
Refrão
3.
Quando finalmente eu quis saber
Se inda vale a pena tanto q’rer
Eu olhei p’ra ti
E então eu entendi
É um lindo sonho p’ra viver
Quando toda a gente assim quiser
Tenho esta viola numa mão
Tenho minha vida noutra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel p’ró ajudar
Refrão
E agora eu olho à minha volta
Vejo tanta raiva andar à solta
Que já não hesito
E os hinos que repito
São a parte que eu posso prever
Do que a minha gente vai fazer
Refrão (final)
Eu sei que tu não és destas coisas!...desculpa lá qualquer coisinha!!!
sábado, 19 de maio de 2012
VERA...cidade!!!...«Morre jovem o que os Deuses amam»...«Quem di diligunt adulescens moritur).»MODERNIDADE, FUTURISMO!!!...MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO!...A Academia precisa de ti!!!
Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de Maio de 1890 — Paris, 26 de Abril de 1916) foi um poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu.
FIM - MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Mário de Sá Carneiro
A TAÇA JÁ ERA NOSSA, E MAIS NINGUÉM TEM A 1ª !!!
"São horas de embalar a trouxa
boa noite, Tia Maria
Que a malta ganhava a taça
já toda a gente sabia..."
VIVA A BRIOSA!!!...Á EXM.ª DR.ª VERA.
domingo, 4 de março de 2012
NEW LOOK!!!...Coimbra!...Conhecimento e Glamour!...à Veneranda Mestre M.M.V....Eugénio de Castro!Thanks.
Eugénio de Castro e Almeida (Coimbra, 4 de março de 1869 — 17 de agosto de 1944) foi um escritor português.
Por volta de 1889 formou-se em Letras pela Universidade de Coimbra e mais tarde veio a lecionar nessa faculdade. Funda a revista "Os Insubmissos" com João Menezes e Francisco Bastos ainda nos últimos anos da sua licenciatura, mais propriamente em 1889. Colaborou com a resvista que fundou e com a revista "Boémia nova", ambas seguidoras do Simbolismo Francês. Em 1890 entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas "Oaristos", marco inicial do Simbolismo em Portugal.
A obra de Eugénio de Castro pode ser dividida em duas fases: na primeira, a fase simbolista, que corresponde a sua produção poética até o fim do século XIX, Eugénio de Castro apresenta algumas características da Escola Simbolista, como o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical.
Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal.
OARISTOS
OARISTOS
I
Triunfal, teatral, vesperalmente rubro,
Na diáfana paz dum poente de Outubro,
O sol, esfarrapando o incenso dos espaços,
Caminha para a morte em demorados passos,
Como as bandas que vão a tocar nos enterros...
E surgindo detrás de acuminantes serros,
Melancolicamente a lua de mãos belas,
Tecedeira do azul, tece num tear de estrelas,
Um lenço branco, um lenço alvíssimo e brilhante,
Para acenar com ele ao sol, seu ruivo amante...
Sobre o verde jardim caem penumbras lentas.
Em seus vasos de louça, as flores sonolentas
São berços embalando o dormir dos insectos;
A alma dum arroio, entre avencas e fetos,
Suspirosa, murmura em cascavéis de prata;
Velha Níobe, chora ao longe uma cascata;
Esplendem girassóis como fulvas custódias;
Passam no éter brando as pastorais monódias;
E à flor dum lago, onde o sol cai em flavos feixes
E onde passam legiões de escarlatinos peixes,
À flor dum lago azul, circundado de buxo,
Simbólico, real, levanta-se um repuxo,
Como uma grande flor de cristal a cantar!
Foi numa hora assim, mansa, crepuscular,
Que ao longo desta longa e folhosa alameda,
Altiva, imperial, entre um rugir de seda,
Vi pela vez primeira a Eleita de minh'alma,
A grande Flor subtil, inigualável, alma,
A Maior, a mais Bela, a mais Amada, a Única!
Vinha gloriosa e triste, envolta em negra túnica,
Que no chão se rojava em ondulantes dobras,
Tinha no calmo andar a elegância das cobras,
A leveza dum silfo e a graça duma ânfora,
E, assim como num golpe um alvo pó de cânfora,
O seu olhar fazia doer, olhar profundo.
Eu era nesse tempo um grande vagabundo,
Um precoce infeliz, viúvo de ilusões;
O sinistro fragor das mundanas paixões
Não chegava de há muito a meus ouvidos lassos;
O egoísmo, o grande rei, cingira-me em seus braços;
De ninguém tinha dó, de ninguém tinha inveja...
Contemplando de longe a sórdida peleja,
Esta infrene peleja, a que chamamos vida,
Seguia, alheio a tudo e de cabeça erguida,
Tendo um único irmão: o meu gelado orgulho.
A Dúvida, funesto, ardente sol de Julho,
Queimara, rudemente, a flor da minha crença;
Em meu peito reinava a fria indiferença;
Tinha descarrilado o vagão dos meus sonhos;
Meus dias eram maus, longuíssimos, tristonhos,
Ensopados de névoa e de melancolia...
Mas ao vê-lA surgir triunfalmente fria,
Grácil como uma flor, triste como um gemido,
Meu peito recobrou o seu vigor perdido,
Todo eu era contente e alegre como um rei!
E, cheio de surpresa, abismado, fiquei
A olhar o seu perfil e o garbo do seu colo,
Cheio de admiração, como um homem do pólo
Quando, depois de ter suportado os reveses
Duma noite cruel e fria de seis meses,
Iluminando enfim os tenebrosos trilhos,
Vê surgir, entre a neve, o sol com ruivos brilhos!
O céu fulgia como a cauda dum pavão.
Aos seus cabelos reais prendiam-se no chão,
Triste e amorosamente, as pálidas folhagens,
Enquanto os olhos meus seguiam como pajens,
O seu rítmico andar sonâmbulo e moroso...
Assim me apareceu o Lírio tenebroso,
Cujo ar desprezador me fere e vampiriza,
Criatura esfingial, triste como Artemisa,
Vingativa, feroz e linda como Fásis,
Flor cujo corpo é o aprilino oásis,
O caravansará que, por noites insanas,
Vão demandando embalde as longas caravanas,
As caravanas dos meus nómades desejos...
Assim eu vi brilhar seus olhos malfazejos,
Assim me deslumbrou a graça do seu busto!
Hoje venho cantar em verso nobre e augusto
Seus álgidos desdéns, tão frios como um túmulo,
E seu corpo que é a quinta-essência, o cúmulo
Da esbeltez, do frescor, da graça feminina.
– Flor bizarra, que eu vi à hora vespertina,
Flor marcescente, que eu constantemente sigo,
Flor, que olho sem cessar, como um estilita antigo,
Olhando o flavo sol, de pé, numa coluna,
Flor de trigueiras mãos, de cabeleira bruna,
Em teu regaço ponho este livro a ti feito.
Este livro febril, que delira e que mostra
Um desvairado amor agarrado ao meu peito,
Rara pérola azul agarrada a uma ostra!
II
Em verso vou cantar o meu Diamante preto!
Do mais grácil, estranho e bizantino aspecto,
Flexível corno um junco e esbelto como um fuso,
Seu núbil corpo tem, num dualismo confuso,
A finura do lírio e o garbo das serpentes;
Soberba e esguia, com seus passos indolentes,
Quando caminha. lembra uma túlipa a andar;
Lenta e subtil, parece até que vai no ar,
Como um caule de flor, levada pela aragem;
Basta vê-lA uma vez para que a sua imagem
Leve, tão leve como os perfumes e o som,
Fique vibrando em nós, eternamente, com
A doçura sem par duma voz que se extingue...
Franzino e original, o seu corpo é um moringue
Em cujo colo estreito alguém tivesse posto
Um moreno botão de rosa-chã, – seu rosto,
Grácil botão que exala uma essência secreta,
Botão onde pousou nocturna borboleta
Com asas negras, muito negras, – seus bandós.
Sua desfalecida e liquescente voz,
Dorida como um ai e lassa como um canto,
Sua lânguida voz, maravilhoso encanto,
De que Ela tem o amavioso monopólio,
E um fio de veludo, um suavíssimo óleo:
Suave, a sua voz suave se derrama...
Seu hálito infantil endoidece e embalsama,
Subtil como o ananás, forte como um veneno.
Seu pescoço sem par é um cortiço moreno,
Que os meus desejos vão circundando em colmeia.
Tem música no andar, quando à tarde passeia
Do seu alto balcão nos marmóreos losangos.
A sua boca é um sorvete de morangos.
Seu magro busto oval brilha, como um santelmo,
Sob o seu penteado, esse ebânico elmo
Pesado e nocturnal, com reflexos azuis.
Seu gesto excede em graça as larvas dos paúis,
Que em curvos voos vão voando à flor dos pântanos.
Tem as unhas de opala; o seu riso quebranta-nos;
Vibrante de coral, seus cílios são de seda;
Seu capitoso olhar é um vinho que embebeda;
Seus negros olhos são duas amoras negras!
Original, detesta as convenções e as regras;
Ama o luxo, o requinte e a excentricidade,
Faz tudo o que lhe apraz, impõe sua vontade,
Diz o que sente, sem lisonja, sem disfarce.
Cousa que muito poucos têm, sabe domar-se:
Como é medrosa, a fim de ver se perde o medo,
Às quietas horas do Mistério e do Segredo,
Percorre longos, funerários corredores,
Onde pairam, chorando as suas fundas dores,
Fantasmas glaciais, errantes e protervos!
Nervosa, com o fim de subjugar seus nervos,
Corta as unhas em bico, à guisa de punhais.
– Chega mesmo a morder pedaços de veludo!
Detesta o movimento, as expansões e tudo
O que possa alterar o seu viver inerte;
Não costuma sair; sonha; não se diverte;
Seus raros gestos são cheios de bizarria,
Finos, excepcionais, sem par.
Pedi-lhe um dia
Que me dissesse qual é o sonho singular,
O sonho que Ela mais quisera realizar,
Aquilo que Ela mais desejaria ter,
Ao que Ela respondeu:
– «Desejaria viver
«No pólo norte, numa estufa de cristal!»
Odeia a luz: ama a penumbra vesperal...
Odeia o piano: adora o som lento do órgão...
E suas finas mãos que bem raro me outorgam
A permissão de as oscular, suas mãos finas,
As suas mãos arquiducais, longas, divinas,
Não sustiveram nunca o peso duma agulha.
Ama os perfumes e as visões; odeia a bulha;
Seu corpo estonteante e lânguido que exala
Doces e sensuais aromas de Sofala,
Do Cairo, do Japão, do Iémen e da Pérsia,
Seu corpo sensual foi feito para a inércia:
– Até para falar às vezes tem preguiça!
Tal é a fria Flor taciturna, insubmissa,
Cujos olhos astrais cortam como estiletes,
Tal é a bem Amada impassível, trigueira,
Cujos olhos astrais – agudos alfinetes,
Ferem meu coração – dorida pregadeira!
XI
Um sonho.
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves.
Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...
Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse...
– Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítólas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Esmaiece na messe o rumor da quermesse...
– Não ouves este ai que esmaiece e esmorece?
É um noivo a quem fugiu a Flor de olhos amenos,
E chora a sua morta, absorto, à flor dos fenos...
Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Penumbra de veludo. Esmorece a quermesse...
Sob o meu braço lasso o meu Lírio esmorece...
Beijo-lhe os boreais belos lábios amenos,
Beijo que freme e foge à flor dos flóreos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Teus lábios de cinábrio, entreabre-os! Da quermesse
O rumor amolece, esmaiece, esmorece...
Dá-me que eu beije os teus' morenos e amenos
Peitos! Rolemos, Flor! à flor dos flóreos fenos...
Soam vesperais as Vêsperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Ah! não resistas mais a meus ais! Da quermesse
O atroador clangor, o rumor esmorece...
Rolemos, b morena! em contactos amenos!
– Vibram três tiros à florida flor dos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Citolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse?
E a Flor que sonho? e o sonho? Ah! tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...
XII
Saúde e Ouro e Luxo! A Primavera
Interminável! Viagens! Dias lentos!
Inércia e Ouro! O nome aos quatro ventos!
Noites mornas de amor! Tal a Quimera!
A Sombra! A falta de Ouro que exaspera
E da mulher os falsos juramentos!
Correr mapas! Bocejos sonolentos!
Assim a Vida corre e nos lacera!
Sonhamos sempre um sonho vago e dúbio!
Com o. Azar vivemos em conúbio,
E apesar disso, a ALMA continua
A sonhar a Ventura! – Sonho vão!
Tal um menino, com a rósea mão,
Quer agarrar a levantina LUA!
domingo, 12 de fevereiro de 2012
ELUCIDÁRIO, de Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo!!!...à Veneranda Mestre, Santa Rosa da Covilhã.
VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de, O.F.M. 1744-1822,
Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram : obra indispensável para entender sem erro os documentos mais raros e preciosos que entre nós se conservam / Publicado em Beneficio da Litheratura Portugueza Por Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo. .... - 1ª ed. revista, correcta e copiosamente addicionada de novos vocábulos, observações e notas críticas com um índice remissivo.Coimbra, em 1815, impresso na imprensa da Universidade, com o título de: Diccionario portatil das palavras, termos e phrazes, que em Portugal antigamente se usaram, e que hoje regularmente se ignoram: resumido, correcto e addicionado pelo mesmo autor do Elucidario, a beneficio da litteratura portugueza.
Rosa sem Espinhos Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa és tu sem espinhos?
Ai, que não te entendo, flor!
Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e é corar.
E quando a sonsa da abelha,
Tão modesta em seu zumbir,
Te diz: «Ó rosa vermelha,
» Bem me podes acudir:
» Deixa do cálix divino
» Uma gota só libar...
» Deixa, é néctar peregrino,
» Mel que eu não sei fabricar ...»
Tu de lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?
Tanta lástima e carinhos,
Tanto dó, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai !, que não te entendo, flor.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo (Gradiz, Guarda, 13 de Maio de 1744 – Santo Cristo da Fraga, Sátão, Viseu, 13 de Fevereiro de 1822), foi um historiador português, e religioso franciscano. A sua maior obra é Elucidário, publicada em 1798.
(Bárbara!...o que é prometido ...é devido!)
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
"Por não ter outros melhores, este meu livro ofereço, ao maior entre os maiores, Poetas que eu conheço" TORGA versus Aleixo!
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
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