terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

FILHO do CHOUPAL!!!...ELFO de DEDOS GENIAIS!..."...aquela música era feita de alvoradas, canto de pássaros anunciando o sol."...CARLOS PAREDES.


NASCE em COIMBRA a 16 de FEVEREIRO de 1925...é um guitarrista que para além das influências dos seus antepassados - pais, avós, tios, todos eles exímios guitarristas de Coimbra - mantém um estilo Coimbrão, a sua guitarra é de Coimbra, e a própria afinação !...


CARLOS PAREDES

Ó guitarra lusitana!
Ó harpa das loucas correrias!
Salgado mar das fantasias...
É a voz do povo que te chama!
Redentora e fraternal,
és tu quem anuncia
a hora da alegria
de ser de novo
O Povo,
O Rei de Portugal.
(Carlos Carranca)

CARLOS PAREDES

"Não o pensava antes,quando escutava a guitarra de Carlos Paredes, mas hoje,recordando-a, compreendo que aquela música era feita de alvoradas, canto de pássaros anunciando o sol.Ainda tivemos de esperar uma década antes que outra madrugada viesse abrir-se para a liberdade, mas o inesquecível tema de VERDES ANOS,esse cantar de extática alegria que ao mesmo tempo se entretece em harpejos de uma surda e irreprimível melancolia,tornou-se para nós numa espécie de oração laica, um toque a reunir de esperanças e vontades.Já seria muito, mas ainda não era tudo.O resto que ainda faltava conhecer era o homem de dedos geniais,o homem que nos mostrava como podia ser belo e robusto o som de uma guitarra, e que era, a par de músico e intérprete excepcional, um exemplo extraordinário de simplicidade e grandeza de carácter.A CARLOS PAREDES NÃO ERA PRECISO PEDIR QUE NOS FRANQUEASSE AS PORTAS DO SEU CORAÇÃO.ESTAVAM SEMPRE ABERTAS."

José Saramago, in o Caderno de Saramago.


GUITARRA
(Carlos Paredes)

A palavra por dentro da guitarra
a guitarra por dentro da palavra.
Ou talvez esta mão que se desgarra
(com garra com garra)
esta mão que nos busca e nos lavra
com seu fio de mágoa e cimitarra.

Asa e navalha.E campo de Batalha.
E nau charrua e praça e rua.
(E também lua e também lua)
Pode ser fogo pode ser vento
(ou só lamento ou só lamento)

Esta mão de meseta
voltada para o mar
esta garra por dentro da tristeza.
Ei-la a voltar de Alcácer Quibir.

Ó mão cigarra
mão cigana
guitarra guitarra
lusitana.

Manuel Alegre.



"Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse,queria
que lhe partissem a guitarra e a enterrassem
com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo.Se eu tiver de morrer." Carlos Paredes.


Carlos Paredes - "Coimbra e o Mondego" You Tube