sábado, 15 de outubro de 2016

em verdade em verdade vos digo - Cristo voltou a passar por aqui...

Girl Disappointed in Love
With mercury we measure pain
as we measure the heat of bodies and air;
but this is not how to discover our limits--
you think you are the center of things.
If you could only grasp that you are not:
the center is He,
and He, too, finds no love---
why don't you see?
The human heart--what is it for?
Cosmic temperature. Heart. Mercury.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Os Principios de Arquimedes - I.º -



BALADA DA DESPEDIDA DO V ANO MÉDICO DE 1948-1949Música: Manuel Raposo Marques (1902-1966)
Letra: Arquimedes da Silva Santos (1921-)
Incipit: Eram sonhos, alegrias
Origem: Coimbra
Função inicial: despedida de curso de Medicina
Supercategoria: Canção de Coimbra
Subcategoria: temas de récitas de despedida
Data: 1949

Eram sonhos, alegrias,
E ilusões à chegada!
As fitas? – verdades frias
Para os que estão de abalada!…

Sete anos de mocidade
Te servimos e, à partida,
Já semeias de saudade
A canção da despedida.

Coro

Adeus Coimbra! Adeus Alta!
Que é do teu perfil de outrora?
O último curso que amaste
Contigo se vai embora.

Vocaliza-se a quadra a solo, sem repetições. Canta-se o coro seguido, bisando o segundo dístico. Segue-se o mesmo esquema na 2.ª quadra+coro

Informação complementar:
Composição para solista masculino e coro (na estreia o coro foi feito por alunos do próprio curso), em compasso 3/8 e tom de Sol.
A Récita de Despedida de 1948-1949 do V Ano Médico foi levada à cena na noite de 6 de Abril de 1949, no Teatro Avenida, em Coimbra, e repetida no dia seguinte.
A peça da récita, intitulada Clister de Bom Humor, com três actos e sete quadros, é obra colectiva do próprio curso. O Dr. Octaviano Carmo e Sá foi o ensaiador e Arquimedes da Silva Santos, contra-regra.
A edição musical da Balada foi composta na Tipografia «Missões Fransciscanas», Braga, 1949. Nela figuram os nomes de Manuel Raposo Marques e de Arquimedes da Silva Santos como autores da música e da letra, respectivamente. O autor da melodia, Manuel Raposo Marques, era natural da Ilha de São Miguel, Açores. Frequentou a Faculdade de Direito da UC, cujo curso não chegou a concluir, e foi membro da TAUC. Desde finais da década de 1920 regeu interinamente o Orpheon e a TAUC, tendo assumido oficialmente no final da década de 1930 a regência do Orpheon, da TAUC, e a cadeira de Música da UC. Deixou reportório coral e algumas composições para récitas de quintanistas, sendo a mais conhecida Fado da Despedida do 5.º Ano Médico de 1927-1928 (Foram-se as fitas queimadas), solfa disponível em http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2006_02_01_archive.html. A análise da partitura parece indiciar alguma indecisão vivida pelo autor intelectual da música. Com efeito, a obra abre em Sol Maior, passa por Sol menor, no início do coro vai a Sol maior e em certos trechos não se chega a perceber qual seja o tom. Em algumas notas onde pareceria lógico bemolizar, este sinal não ocorre. Daí a nossa opção na frase inicial deste texto por um simples “tom de Sol”.
O arranjo para piano que consta da partitura impressa, embora mencione como autor Raposo Marques, deve ser corrigido, pois o verdadeiro autor dessa harmonização foi o Maestro João de Oliveira Anjo. O músico militar e maestro João de Oliveira Anjo (1916-2007) era clarinetista na orquestra de seu cunhado Manuel Eliseu, formação que no final da década de 1940 participou na estreia de récitas académicas. Quem harmonizou a balada para ser ensaiada pela dita orquestra foi João Anjo, a parte de piano incluída, arranjo que Raposo Marques expressamente pediu que lhe fosse cedido para figurar como seu nome na partitura impressa em Braga.
O trabalho de transcrição foi confrontado com uma gravação particular feita por Mário Medeiros, que aprendeu o tema na infância com uma tia, cantor que bemoliza algumas notas que Raposo Marques não sinaliza na partitura.
Do ponto de vista musical, a composição de 1949 reflecte o processo de regionalização a que o Estado Novo fora confinando a Universidade de Coimbra e o conservadorismo artístico dominante entre as elites da época, entretanto patenteado nas serenatas do Emissor Regional. Vale a pena relembrar que o letrista que assina o texto para Raposo Marques musicar é o mesmo que por 1945 entrega a Fernando Lopes Graça um texto para “Marchas, danças e canções” (1946).
Quem fez os solos da balada no palco do Avenida foi Mário Luís Mendes, então grelado de Medicina e solista do Orpheon, que, em Outubro de 1947, juntamente com Florêncio de Carvalho, cantou na Serenata de Coimbra transmitida pela então Emissora Nacional. Outro cantor coadjuvante terá sido Vasco Eloy, também solista e membro da direcção do Orpheon.
Assinou a letra, a pedido de elementos do curso, o estudante de Medicina Arquimedes Santos, destacado membro do TEUC, opositor do Estado Novo, representado no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira (veja-se a bibliografia referente a este importante médico, poeta, pedagogo e melómano apud “Bibliografia activa de Arquimedes da Silva Santos”, http://www2.cm-vfxira.pt/Page-Gen.aspx?WMCM_PaginaId=47563).
De acordo com informações prestadas em 12.04.2010, Arquimedes da Silva Santos nasceu na Póvoa de Santa Iria em 18 de Junho de 1921. Cursou Medicina em Coimbra entre 1941-1951, tendo-se destacado como membro do TEUC, da DirecçãoGeral da AAC na comissão liderada por Salgado Zenha (1945), animador do Ateneu Comercial de Coimbra, empenhado membro do movimento Neo-Realista e impulsionador da revista Vértice. Poucos meses antes da estreia da récita, em Janeiro, apoiou abertamente a candidatura presidencial de Norton de Matos no Teatro Avenida. Logo após, em 21 de Julho, foi preso, julgado e conduzido a Caxias, com ulterior passagem pelo Aljube (cf. Arquimedes da Silva Santos. Sonhando para os outros, 2007, p. 17 e ss).
A letra, alude à demolição da velha Alta sob o camartelo do Estado Novo. Conforme relembra o próprio Arquimedes da Silva Santos, o curso que se despediu em 1949 foi o último a ver o que era a antiga Acrópole que Pallas Atheneia havia erigido em Portugal e o primeiro a confrontar-se com a desoladora cratera em que a cidade fora transformada. Com “Clister” se despediram alguns notáveis da cultura portuguesa como Mário Luís Mendes (aclamado catedrático de Medicina e pai do serviço nacional de saúde conjuntamente com António Arnaut) e Bernardo Santareno.
Pelo que conseguimos apurar, não existe qualquer registo fonográfico desta composição. Não obstante, ela anda na tradição oral, havendo alguns antigos estudantes de Coimbra que a interpretam com a letra substancialmente truncada, ligeiras modificações na linha melódica e desconhecimento da data de criação.
O trabalho de reconstituição deve relevar os seguintes aspectos: a presença obrigatória de coro misto, característica presente em inúmeros temas da CC que se encontra desvalorizada nos trabalhos de estúdio e nos remakes pós-1974; o facto de estarmos perante um tema de palco, especificamente concebido para despedida de cursos, excelente pretexto para associar a guitarra de Coimbra a instrumentos como o piano, o contrabaixo, o violino, a flauta ou o clarinete.

Transcrição: Octávio Sérgio (2010)
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes

Agradecimentos: ao Maestro João Anjo (falecido em 2007), à equipa do Museu do Neo-Realismo pela informação disponibilizada e pela oferta do catálogo Arquimedes da Silva Santos. Sonhando para os outros. Vila Franca de Xira, Edição da CMVFX/MNR, 2007 (que referencia a balada), e ao Dr. Arquimedes da Silva Santos

terça-feira, 22 de abril de 2014

...amigo maior que o pensamento!...( ao Alberto Vilaça - "homens assim não morrem")





...e à Dr.ª Natália, Raquel e Cristina, que em 27.04.1974 me acolheram e mostraram os discos do Zeca, já em liberdade!...BEM HAJA.

domingo, 24 de novembro de 2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

sábado, 10 de agosto de 2013

A tomada da Bastilha!!! - à Mn.ª Marta D. ( perdão, Mmª ) - 1.ª parte.

Tomada da Bastilha Faltam pouco mais de cinco minutos para as doze badaladas da Cabra darem inicio a mais uma celebração da Tomada da Bastilha. A tradição de celebrar esta data não se perdeu, mas os acontecimentos que deram origem a esta celebração vão caindo no esquecimento. Assim, cabe deixar aqui a história da Tomada da Bastilha: "No livro "Coimbra de Capa e Batina" de Carminé Nobre vem a seguinte descrição dos acontecimentos:"No rés do chão do edifício, onde se encontra a Associação Académica, estava miseravelmente instalada a Casa dos Estudantes. Duas salas e pouco mais. No primeiro andar, amplo e luxuoso, estava o Clube dos Lentes onde os mestres, instalados em confortáveis sofás, jogavam as aristocráticas partidas de voltarete. Vinham de longe as diligências realizadas pelos estudantes junto da universidade, no sentido de instalar convenientemente a academia universitária.Baldadamente, pois embora se reconhecesse a justiça das reclamações apresentadas, surgiam sempre dificuldades na sua realização.Ansiavam os estudantes da época por uma sede condigna, onde pudessem receber professores, literatos e homens de ciência. Para tanto, desejavam possuir uma biblioteca, uma sala de conferências, de jogos, etc., mas o seu brado, apesar de justo, não encontrou repetidos ecos para lá da Porta Férrea.Resolveram, então, alguns estudantes da época, agir pelos seus próprios meios, e num grupo deles surgiu uma ideia. Uma luminosa ideia, que tempos depois se transformaria numa realidade para prestígio da Briosa: tomar de assalto o Clube dos Lentes e instalar nas suas salas, a sede da Associação Académica de Coimbra, dando assim realização a uma velha aspiração da Academia.Eram quarenta os conjurados, que cegamente obedeciam ao comité central, constituído pelos estudantes Fernandes Martins, Paulo Evaristo Alves (Padre Paulo) de Direito, Pompeu Cardoso, Augusto da Fonseca (o Passarinho) e João Rocha de Medicina.Em sucessivas reuniões, o comité central foi afinando o plano de assalto. Uma delas realizou-se na Torre de Anto onde a nostalgia de António Nobre pairava ainda em fortes traços de lirismo. Além do comité central, havia os chefes de grupo de inteira confiança, os quais por sua vez, recrutariam os elementos sobre que agiriam directamente.Uma noite, à luz mortiça de um lampião de azeite, velha relíquia de antigas gerações, o comité central deliberou, definitivamente, fazer o assalto no primeiro dia de Dezembro, comemorando o feito histórico de igual data, em 1640. Porém, um dia depois chegou ao conhecimento do comité a notícia, fundamentada ou não, de que a Reitoria apesar de todo o sigilo havido nas diligências já realizadas, tinha conhecimento do que pretendia fazer-se, e procurava evitá-lo, inclusivamente auxiliada pela intervenção da força pública.Uma reunião de urgência levou o comité revolucionário a precaver-se contra qualquer surpresa da Universidade e, assim, deliberou antecipar o movimento e marcar a sua realização para a madrugada de 25 de Novembro. Chegou a noite. O bairro latino afogava-se em penumbras. Numa casa antiga e em volta de uma mesa escalavrada, reuniu pela última vez o comité. Nessa noite, o Clube dos Lentes deixaria de existir na casa da Rua Larga. Por volta das onze horas estavam as forças reunidas e é curioso notar que os conjurados não conheciam o comité central. Todos os juramentos de fidelidade à causa eram feitos ao chefe de grupo, que, por sua vez, os transmitiam. Sobre a madrugada, frigidíssima e chuvosa, foi escalonado um grupo para assaltar a Torre da Universidade e repicar os sinos festivamente, logo que um morteiro lhe anunciasse que o Clube dos Lentes estava nas mãos da Velha Briosa.Ao partir, receberam as chaves falsas que lhes abriam a porta da Torre. A chuva caía em bátegas, e como se receasse o êxito desta diligência, que tinha de principiar pelo escalamento da Porta de Minerva, logo Augusto Fonseca, tranquilo e sorridente, destrui essa preocupação, afirmando: "a Torre é connosco". Vem a propósito dizer, que a agitação política daquela época, estendia a sua paixão até aos espíritos mais humildes. E foi certamente por isso, que o serralheiro Alfredo Garoto, com oficina na rua das Covas, ao ser peitado em confidência para fazer as chaves falsas, se apercebeu de que alguma coisa de muito sério se ia passar. E nesta convicção, interrogou em meia voz:-É contra os talassas? Se é, faço tudo de graça.Não foi contra os talassas, mas as chaves ainda hoje estão em dívida.Às 6 e 45 da manhã, a explosão de um morteiro sobressaltou a cidade e os estudantes que se encontravam na Torre ficaram assegurados que o assalto estava consumado.Repicaram os sinos e logo uma girândola de 101 tiros, lançada das varandas do antigo Clube dos Lentes, tornado naquele momento Associação Académica de Coimbra, chamou a Academia à realidade da conquista.Acorreram os estudantes de todos os lados da cidade. Nas primeiras impressões Coimbra julgou tratar-se de um movimento político.O dia 25 foi de festa rija para a Academia. Ao rasar da noite, partiu da Alta com destino à Baixa - a via sacra do estudante - uma marcha luminosa (hoje recordada como o cortejo dos archotes) com milhares de pessoas, pois a cidade associou-se ao regozijo à Briosa. E quando outra madrugada rompeu ainda no bairro latino se ouvia o grito heróico da conquista:- Viva a Academia!Era ao tempo Presidente da República, o grande tribuna e eminente cidadão Dr. António José de Almeida, Presidente do Concelho Dr. Álvaro de Castro, e Ministro da Instrução Dr. Júlio Dantes, a quem a Academia enviou a comunicação telegráfica de que se encontrava instalada na sua nova sede, manifestando também, o seu mais ardente desejo na constante prosperidade de Portugal. Estas três individualidades, desconhecendo o que se passava e julgando, possivelmente que a Academia de Coimbra se instalara pacificamente e com conhecimento da Universidade na sua nova sede, responderam aos cumprimentos recebidos, retribuindo calorosamente e desejando todas as felicidades à esperançosa Academia de Coimbra: "A irreverência foi completa." `A Mmª Marta D., pela agradável e sã companhia por essa Europa fora...!!!...