segunda-feira, 31 de maio de 2010
Uma mosca sem valor, pousa com a mesma alegria, na careca de um doutor...como em qualquer porcaria!!!...António Aleixo, os anos de Coimbra,(1ª parte)
«-Aleixo, porque não tentas o teatro?
-Eu?! - diz o poeta.
-Sim, tu.Vem aí a festa e devias apresentar qualquer coisa...
-Dê lá o tema!
-Isso é contigo... - disse Tóssan, e acentuou: - Pensa!
-Talvez a vida dos curandeiros do Algarve.Conheço-lhes
as manhas - lembrou Aleixo
- Um auto, como o Gil Vicente?
-Pode ser, então escreva lá!»
AUTO do CURANDEIRO
SENHOR MESTRE, DÁ LICENÇA?
É O SENHOR CURANDEIRO?
DIZ QUE NÃO LEVA DINHEIRO...
ACEITE ESTA RECOMPENSA,
JÁ QUE TRATOU DA DOENÇA
DO MEU DESGRAÇADO IRMÃO
QUE JÁ LÁ FOI NO CAIXÃO;
FICAR DEVENDO ERA OFENSA.
DE DEUS A BONDADE IMENSA
LHE DARÁ SALVAÇÃO.
-TOME LÁ UM GARRAFÃO
COM CINCO LITROS DE AZEITE.
QUERO QUE O SENHOR ACEITE
EM PROVA DE GRATIDÃO;
MAIS UM SAQUINHO DE GRÃO;
FOI O QUE PUDE ARRANJAR.
O AZEITE É P'RÓ ALTAR
E OS GRÃOS PR'Ó S. ROMÃO,
P'RA ME LIVRAR DE ALGUM CÃO
DANADO QUE ME APAREÇA,
E P'RA QUE NÃO ME ACONTEÇA
O MESMO QUE AO MEU IRMÃO...
Amigo e muito bem aceite entre a estudantina coimbrã, António Aleixo desenvolve uma estreita relação com alguns universitários, dos quais fica verdadeiramente amigo e de quem recebe ajudas vários.
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